Alzira do Conforto |
Alzira do Conforto foi uma das mais atuantes personalidades no Centro Histórico, Pelourinho, pelas ações de ajuda aos moradores de sua comunidade na cooperação, bondade e fraternidade ao povo do Pelourinho, incentivadora de ações cultural e apoiadora direta aqueles que viam o caminho das artes uma saída para sobrevivência individual e coletiva do povo negro. Foi Alzira que através de seu comercio, proporcionou ao povo baiano que fossem ouvidas as primeiras canções da musica afro jamaicana na Bahia. Em um período onde a América Negra, lutava através dos africanos nascidos aqui, por reconhecimento de seus valores, criando movimentos e grupos para reverem os tratamentos discriminatórios impostos aos negros, sua contribuição e ousadia em tocar os discos do seu ídolo Bob Marley, que através de sua musica emanavam mensagens de libertação foram fundamentais para o fortalecimento do pensamento e desejo do povo negro. Como liderança de sua família, passou a incentivar seus descendentes a apoiarem sua causa, e incentivou proporcionando aos seus netos a criação do primeiro estabelecimento comercial que pudesse tocar a música jamaicana. Surgia ai no Pelourinho o mais famoso dos Bares o “Bar do Reggae” frequentado por pessoas de todo o seguimento e camadas da sociedade baiana. Quando se tinha a visão do Pelourinho de baixo meretriz, desencadeava-se lá dentro o que hoje é a referencia do Reggae na Bahia.
Logo surgiram outros estabelecimentos do mesmo seguimento, sempre com o mesmo objetivo, libertar os negros dos preconceitos sofridos pela sociedade baiana. Obviamente isso incomodava as autoridades baianas, pois tal movimento passaria a conscientizar o povo negro, ação prioritária para desarticular a falsa modéstia dos brancos para com os negros.
A fama dos bares atravessou as fronteiras baianas e brasileiras, sendo visitadas por artistas nacionais e internacionais, principalmente pelos jamaicanos, que se alegravam em ver que seus trabalhos tinham reconhecimento e o objetivo estava aos poucos sendo alcançados, pois o povo negro é dotado de paciência a astúcia e sabe esperar os resultados.
O choque com autoridades e a própria Polícia, através de seus Praças, cumpridores de ordem, em sua totalidade negra, que se viam objetos de uso do branco, para justamente atacarem seus irmãos, tendo sucesso no principio, mas vencidos pelo tempo, pois o tempo sempre esteve do lado do povo negro.
A cada semana dia o numero de frequentadores cresciam, tornando-se fato consumado e concreto, até que veio a reforma do Centro Histórico do Salvador, tendo inicio com obras de construção e reforma, sendo necessário que os estabelecimentos fossem fechados para cumprirem o cronograma das obras.
Durante este período o povo não tinha mais o seu ponto de encontro, mais as músicas continuavam a ser tocada nos bairros da periferia de Salvador e nas cidades da região metropolitana, tendo seu retorno à abertura após a reforma e de maneira brilhante, pois o numero de frequentadores triplicou devida à mídia feita pelo governo sobre a importância do Pelourinho.
Neste período não tínhamos mais Alzira, ela se foi no curso natural da historia, mais deixou uma lição de perseverança e luta para aqueles que se determinam a alcançar os seus objetivos.
Tal fato passou a incomodar novamente as autoridades, só que desta vez alegavam grande congestionamento de pessoas nas ruas do Pelourinho, tendo solução através de comum acordo com a criação da Praça do Reggae, hoje ponto de encontro do povo negro da Bahia dentro do Pelourinho.
É neste local que a comunidade negra, realiza suas ações sociais, culturais e tornou-se referencia para o Reggae, a música mais negra do povo baiano.