A sociedade argentina é machista, racista e xenófoba, segundo a opinião de oito em cada dez jovens de 13 a 18 anos revelada em uma pesquisa feita pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cujos resultados foram publicados nesta sexta-feira pela imprensa de Buenos Aires.
A pesquisa mostra que sete em cada dez adolescentes foram testemunhas de casos de discriminação nas escolas, enquanto 40% se declararam vítimas de assédio ou segregação por seu aspecto físico ou razões raciais, entre outros motivos.
Para 65% dos entrevistados, os imigrantes bolivianos são os mais discriminados pela sociedade argentina, e 20% justificaram o preconceito afirmando que ocorre “porque nem todos são iguais”. Já 39% apontaram a discriminação de imigrantes paraguaios como a mais pronunciada e 34%, a de peruanos.
O machismo, a xenofobia e o racismo foram denunciados por mais de 80% dos 900 jovens consultados em sete províncias, entre elas as mais povoadas da Argentina, segundo o Unicef, que realiza atualmente uma campanha para combater a discriminação na Copa América, que começou no país no dia 1º de julho.
Para 50% dos adolescentes, existe discriminação pela “cor de pele”, 48% pelo tamanho, peso e aspecto físico e 41% pela pobreza.
O que mais chama a atenção na pesquisa é que a homossexualidade e as deficiências físicas deixaram de estar entre os principais motivos de marginalização social, afirmou Andrés Franco, diretor do Unicef Argentina.
Franco também destacou o fato de que as pessoas que mais discriminam são colegas e amigos da vítima, e “nem sempre se trata de atos de má fé”, mas de atitudes aprendidas no entorno social.
As comunidades de bolivianos, paraguaios e peruanos são as mais numerosas entre os estrangeiros residentes na Argentina, cujas províncias de Córdoba e Mendoza aparecem como as de maior discriminação social do país.
Lionel Messi, ídolo da seleção da Argentina, e Diego Forlán, estrela do Uruguai, são os embaixadores da campanha contra a discriminação infantil do organismo da ONU.