Eduardo D. Silva, autor do livro “Gestão em Finanças Pessoais - Uma metodologia para se adquirir educação e saúde financeira” – e CEO da Excelènce Gestão Estratégica. Eduardo possui especializações em Recursos Humanos pela FDRH – PUCRS; em Estrutura, Análise
e Interpretação de Balanços pela FAPA; em Finanças Empresariais (ESPM) e em Orientação Financeira Pessoal (FOREX - SP).
1 – Quais seriam as principais dicas para evitar descontroles financeiros?
A principal dica é saber como nos relacionamos com o dinheiro; ou seja, devemos anotar todos os gastos durante 30 dias – mas todos mesmo, incluindo cafezinho, transportes, revistas etc. Assim, após este período, é possível visualizar com precisão onde enxugar os gastos, cortando aqueles que não acrescentam qualidade de vida. Em um segundo momento, se começa a economizar nas contas que dependem de nosso controle como luz, telefone e outras.
Para gastar menos e melhor também é preciso se programar para aqueles valores de final/início de ano como IPTU, IPVA, retorno às aulas. Além disso, sempre se pergunte se realmente precisa daquele gasto em tal momento. Por fim, gastar menos e melhor também passa por adquirir hábitos frugais, por viver sua vida e não a vida dos outros, se adequando ao seu orçamento, a sua realidade.
2 – E como aprender a poupar?
Poupar é uma questão que depende de cultura. Atualmente, os principais exemplos expostos na mídia são de pessoas endividadas, que só pagam o mínimo do cartão de crédito e incorporam o cheque especial ao orçamento. São exemplos de pessoas que têm os juros trabalhando contra si. Nunca vi uma reportagem de uma pessoa que colocou R$ 50,00 ou R$ 100,00 todo mês como investimento e, depois de dez anos, acumulou uma boa quantia – neste caso, o dinheiro trabalha a favor da pessoa.
3 – O que provoca o exagero no consumo e o conseqüente endividamento?
Os produtos e serviços melhoram substancialmente a cada dia – telefones celulares, palms, computadores, automóveis, a praticidade dos cartões de crédito aceitos em qualquer estabelecimento etc. Tudo isto é um grande apelo para o consumo e uma grande armadilha para o orçamento. As pessoas trocam de celular a cada seis meses; ou seja, terminam de pagar um e já compram outro – parcelado – com muito mais tecnologia, com câmera, Internet e tudo o mais. No entanto, esquecem que um telefone é feito para falar. É uma situação absurda pagar mais caro para ter um telefone com câmera, sendo que, na maioria dos casos, a pessoa já possui uma máquina fotográfica digital. Outro fator importante que colabora para o descontrole é ir ao supermercado sem uma lista do que realmente deve ser comprado, gerando gastos extras por impulso de compra. E esse impulso de compra também se reflete no cartão de crédito. Pior ainda quando se compra em parcelas, pois a pessoa “esquece” que já está comprometendo parte de sua renda futura, da mesma forma que acontece com um cheque pré-datado. Além de tudo isso, há o desperdício. Quantas revistas as pessoas assinam e nem têm tempo para ler? Quantos dvd’s alugam num final de semana e muitas vezes mal conseguem assistir um? Quantos jogos são comprados para os filhos todo mês? Os pequenos gastos são aqueles que não conseguimos visualizar e são os que mais contribuem para o descontrole. Assim, sugiro que a pessoa tenha apenas um cartão de crédito e uma conta bancária (pagamos tarifas altíssimas). Muitas vezes, a saída está diante de nossos olhos, mas só enxergamos a alternativa de buscar dinheiro no mercado financeiro, nos endividando ainda mais. Vale a pena nos desfazermos de um bem para quitar dívidas. Por exemplo, é possível vender um carro e depois adquirir outro com menor valor, pois ainda são os menores juros de mercado. Também é fundamental rever os hábitos de consumo, cortando de imediato as “gorduras” e economizando nas contas que podem ser monitoradas. Por último, não deixe de planejar os gastos com férias, reformas etc., pois vivemos em uma economia com inflação civilizada, que propicia um planejamento sem grandes alterações de valores nos meses seguintes.